“A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) irá auditar - até o início do próximo ano - as informações enviadas pelas companhias aéreas sobre a distância entre as poltronas em seus aviões.
Os dados foram enviados no início de outubro, seis meses após a Anac ter solicitado. No entanto, segundo a Folha apurou, as informações repassadas surpreenderam os técnicos da agência.
O motivo da surpresa: as distâncias informadas credenciariam as empresas aéreas a receber o selo ‘A’, nota máxima, caso já estivesse em vigor a classificação anunciada pelo governo, em março deste ano.
A classificação da distância entre as poltronas dos aviões terá o seguinte padrão: A (mais de 73 cm) até E (menos de 67 cm).
De acordo com levantamento feito pela Folha com as empresas Gol, Avianca e Azul, o espaço entre um assento e outro varia de 86,3 cm a 76,2 cm. Ou seja, elas receberiam a classificação ‘A’”
Há alguns meses havíamos visto a seguite explicação:
“A coxa média do brasileiro fica entre 55 e 65cm. A distância média entre as poltronas é entre 56cm e 78cm. Porém, a norma estabelece uma classificação irrelevante: tudo que está abaixo de 67cm está na mesma categoria: ‘E’. E depois faz divisões de 2 centímetros para o que está acima disso. Ora, a categoria “E’, por ser tão grande, e por abranger tanto o que vai causar desconforto quanto o que não vai, acabou sendo irrelevante. A maioria dos assentos acabarão classificados nessa categoria, mas ela não dá uma informação realmente relevante. Se o tamanho médio da coxa do brasileiro varia entre 55 e 65cm, o que a norma está fazendo é dizer que, se você é um brasileiro de tamanho médio, provavelmente estará razoavelmente confortável em qualquer poltrona que não seja ‘E’. Mas que se sua poltrona for de tamanho ‘E’ (e quase sempre será), você não saberá se realmente terá espaço suficiente para suas pernas. Alguém com uma coxa de 65cm pode ter uma poltrona ‘E’ de 66cm (que seria o suficiente, ainda que não necessariamente confortável) ou uma poltrona ‘E’ de 55cm (que não seria suficiente)”.
Mas agora as empresas - finalmente ouvidas - dizem que estão no extremo posterior: embora a maior parte dos brasileiros se encaixem na categoria E, elas provêem poltronas na categoria A.
Reparem que a primeira coluna (dados da Anac apresentados em março) e a última (dados das empresas apresentados agora) mal se sobrepõem. Ou uma das informações está errada ou todas as empresas trocaram de aviões rapidamente (o que obviamente não foi o caso).
É por conta dessa discrepância que haverá a auditoria.
Sempre que informações dadas pelas partes não se encaixam - como é o caso acima - é necessário ouvir todos os lados envolvidos e dar a eles a oportunidade de explicarem suas versões. No caso, de onde vieram os dados apresentados por eles.
Estamos acostumados a sempre dar o outro lado nas questões criminais, mas existe um outro lado em quase tudo, inclusive em questões técnicas, como a descrita acima.